Oi divulga hoje lista de credores
A Oi publica hoje o edital com a lista de seus credores, segundo informou uma fonte que acompanha o processo de recuperação judicial da operadora. A partir da publicação da relação com nome, valor e classificação dos mais de 66 mil credores da companhia, as partes interessadas têm 15 dias para apontar ao administrador judicial (PwC e Wald Advogados) possíveis divergências nos dados apresentados ou para habilitar créditos que não constem da listagem.
Pela lei, o rol de nomes deve ser publicado em diário oficial do Estado, neste caso o do Rio de Janeiro. Mas como a relação ocuparia centenas de páginas, a Oi tem a opção de publicar no jornal apenas uma indicação do endereço eletrônico onde os interessados podem encontrar a íntegra da lista, segundo uma advogada familiarizada com o processo, que pediu para não ser identificada.
Depois de receber as observações dos credores, o administrador judicial terá 30 dias para analisá-las e, então, publicar um segundo edital com uma nova listagem, explica o advogado Guilherme Camará Moreira Marcondes Machado, do escritório Marcondes Machado. Após a segunda publicação, começa a correr um prazo de dez dias para que os interessados apresentem impugnações de crédito (diretamente à Justiça e não mais ao administrador judicial). Essa segunda lista servirá de base para o cálculo dos quóruns de instalação e de aprovação da assembleia de credores que votará o plano de recuperação judicial.
Até ontem, a versão mais atualizada da lista de credores era a apresentada à Justiça em 16 de setembro. Essa relação mostra que a Oi deve mais de R$ 147 milhões a suas principais concorrentes - Claro, TIM e Vivo/ Telefônica. Os valores se referem principalmente a prestações mútuas de serviços entre operadoras que eram compensadas e liquidadas a cada mês até o momento do pedido de recuperação judicial.
"Quando uma chamada é originada na rede de uma operadora e termina na rede de outra, é preciso pagar por esse completamento", diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, referindo-se às tarifas de interconexão. Além disso, lembra ele, as operadoras alugam equipamentos e capacidade de transmissão umas das outras.
A Oi deve ainda R$ 264,4 milhões a cinco fornecedores globais de infraestrutura e serviços de telecomunicações (Alcatel Lucent, Cisco, Ericsson, Huawei e Nokia), segundo a lista de credores datada de 16 de setembro. Embora na casa das centenas de milhões de reais, esses débitos - somados - representam apenas 0,63% da dívida total da Oi, que ultrapassa R$ 65 bilhões.
Uma fonte que acompanha de perto o processo de recuperação judicial conta que a relação da Oi com seus fornecedores está "bem tranquila", sem qualquer sinal contrário ao plano de recuperação judicial da companhia. "[A ] discussão está centrada na dívida financeira", resumiu a fonte. Tanto a Oi como seus fornecedores e as outras operadoras (Claro, Vivo/Telefônica e TIM) não quiseram comentar as dívidas em aberto.
As ações da Oi fecharam o pregão de ontem da BM&F Bovespa com forte queda. A cotação dos papéis ordinários (com direito a voto) recuou 12,43%, para R$ 3,24, enquanto os preferenciais sofreram desvalorização de 12,78% e terminaram o dia cotados a R$ 2,32.
"O relatório mensal [apresentado pelo administrador judicial] para o mês de julho mostra que o prejuízo da companhia cresceu 31% em relação ao mês anterior, alcançando R$ 2,828 bilhões", justificou Celson Placido, estrategista-chefe da XP Investimentos. "O problema da companhia agora parece não ser mais apenas pagar os credores e sim fazer a operação dar lucro."
As informações financeiras foram prestadas na sexta-feira à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Ainda de acordo com o relatório, a receita líquida da Oi somou R$ 13,6 bilhões em julho, um aumento de 16% na comparação com o mês anterior.
A entrada recente de novos integrantes no conselho da tele - ligados ao empresário Nelson Tanure - trouxe à tona a possibilidade de uma reestruturação da companhia, com foco em enxugamento de custos, afirma uma fonte. A assessoria de Tanure não confirma qualquer mudança na Oi
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